segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Grupo 11: Reconversão Urbana

a) Como o grupo desenvolveu o tema? (tópicos da discussão)

O contexto do tema Reconversão Urbana baseia-se em uma análise crítica considerando a aplicação política, econômica e social.  O princípio fundamental deste processo é de adaptação de áreas da cidade consideradas sem utilização em espaços funcionais que atendam a sociedade de forma comum para todo e qualquer tipo de classe. Levando em consideração as características originais de cada local e transformando – o em um ambiente de consumo da cidade. Porém, as modificações espaciais observadas nos objetos de estudo apresentados demonstram uma mudança exacerbada, onde, na grande maioria se torna um local de gentrificação devido ao valor estético atribuído. 
Para análise do assunto foi necessário entender como e porque as reconversões estudas sempre se transformam em um espaço elitizado e segregado. Tal fator ocorre de maneira geral nestas intervenções devido ao processo de globalização que interfere diretamente na urbanização das cidades. A economia, a produção e a tecnologia ditam as decisões a serem tomadas. Decisões estas, elaboradas pelo mercado tecnológico, uma vez que, o poder público não atua inteiramente na reurbanização das cidades, deixando a questão sob a responsabilidade de empresas terciárias, detentoras da tecnologia. Evidentemente sem compromisso com a sociedade, não é dever e menos ainda, interesse do mercado empresarial pensar nos problemas urbanos e sociais, fator que agrava e mascara as diferenças classicistas e propõem um espaço nada igualitário.
Embora o princípio da reconversão urbana seja integrar a economia, a política e a sociedade, o que sucede é a instalação de uma cidade/mercado consumidora e fragmentada ao contrário de uma produção social igualitária.


b) Como foram feitas as correlações entre os contextos: brasileiro, Belo Horizontino e mundial? 

Os objetos de estudo focaram nas zonas portuárias, onde se localizam os setores financeiros e comerciais por apresentarem disposição para desenvolvimento do capital tecnológico e com maior capacidade para acúmulo do capital. Contudo, os espaços destinados a tais empreendimentos são escassos e saturados. Ainda sim, vistos pela política urbana como locais necessitados de consumo e uso.
Tanto no caso dos portos Londrinos, Argentino e Brasileiro a inter-relação porto cidade se dá de forma congruente, ou seja, o crescimento das zonas portuárias seguem linearmente o desenvolvimento urbano.
As características de implantação associam o espaço funcional às cidades, apresentando acesso direto às linhas litorâneas e ligação da cidade ao porto. O crescimento do comércio marítimo leva o porto a expandir-se além dos limites das cidades, com implantação de equipamentos de comércio e serviço por toda a via litorânea. Não obstante, o desenvolvimento industrial aumenta a demanda do espaço para viabilizar o acesso da linha férrea aos portos e conseqüentemente eleva o número de comércios na região portuária. Tornando – se, portanto, em um espaço saturado e sem relações do porto com a cidade.
Contudo, cabe ressaltar que, algumas áreas de intervenção nas zonas portuárias londrinas, aplicaram uma reconversão voltada para habitações e equipamentos de interesse social, porém, em quase toda a sua totalidade essa renovação não produz um espaço social igualitário, uma vez que, as instalações privadas de projetos de alto padrão, residências e/ou empreendimentos multinacionais, elevam a disparidade entre as classes sociais. Assim como, os portos da América do Sul e o Tate Gallery em Londres, que priorizaram as reconversões para áreas turísticas, porém, um turismo voltado para as classes elitizadas.
            Tanto no caso do Tate Gallery que abriga um museu com acervo de ilustres artistas, quanto o Porto Maravilha no Rio de Janeiro que abrigará museus, pinacoteca, porto olímpico e uma extensa área de lazer, em substituição ao elevado perimetral, associada aos novos equipamentos turísticos, a gentrificação do espaço ocorre em detrimento e fragmentação da sociedade.
Perdendo assim, o verdadeiro sentido da reconversão urbana que é atribuir valor de uso a um Patrimônio, ao contrário do é sistematicamente aplicado em todas as intervenções. Estas, elaboradas como produto de consumo e espetáculo para atender as classes de alto poder econômico, mas que deveria ser pautada em políticas urbanas para de forma a integrar a sociedade como um todo.

c) Escolha duas situações, dentre as analisadas pelo grupo, como as que você tem maior interesse teórico e/ou prático e justifique, com um texto de dois parágrafos para cada uma delas e duas imagens para cada uma delas. 

A reconversão da Praça liberdade em Belo Horizonte sugere o mesmo princípio das renovações estudas. Também voltada para o turismo, sob a denominação de um circuito cultural o espaço se torna destituído de urbanidade. Tendo em vista a proximidade do local com regiões elitizadas, o intuito principal dessa intervenção é desassociar a população de menor poder aquisitivo que, evidentemente não se apropriará dos espaços ali destinados, seja pela distância ou pela característica da população freqüentadora do local. Sendo o real interesse político em disponibilizar cultura e lazer para cidade em geral, tais questões seriam consideradas relevantes e certamente haveria uma distribuição desses equipamentos pela cidade, não havendo monopolização e segregação socioeconômica.
A transformação das antigas secretarias do governo em museus nada mais é do marketing político. Já que, o local apresentava uso por todas as classes sociais indistintamente e, além disso, claramente conservado, pois, periodicamente passa por revitalizações. A implantação de museus na praça acontece concomitantemente às grandes obras de recuperação de áreas da cidade visando os eventos futuros. Sob o pretexto da criação de um espaço de qualidade e segurança para o turismo e integração da sociedade a um ambiente de lazer, diversos pontos de Belo Horizonte passam por reconversões para ser apresentada como uma cidade organizacional, funcional e limpa.


Carnaviolla na Praça da Liberdade 




Circuito Cultural Praça da Liberdade


Assim como as demais reconversões, a intervenção proposta para a zona portuária do Rio de Janeiro demonstra total ausência de controle urbanístico e sem preocupação em integrar a sociedade dentro do contexto da revitalização. Os projetos apresentados para a região são de grande valor econômico, porém, serão destinados a atender apenas uma camada elitizada, diminuindo cada vez mais a inter-relação porto-cidade. Tanto quanto Belo Horizonte, o processo de renovação desse espaço tem como principal objetivo a apresentação de uma bela cidade – sede em vista dos eventos de 2014 e 2016.
É fato que tais eventos trarão uma considerável rentabilidade para os cofres públicos, contudo, o valor gasto nas obras superam a casa dos 3 (três) milhões, segundo pesquisas apresentadas pelo grupo. Ainda que, o maior investimento seja de iniciativa privada, os valores correspondentes são extraordinariamente significativos. Conclui-se, portanto, que a disparidade social relativa a essas reconversões são discernidas e implantadas propositalmente para desassociar a população de menor poder aquisitivo e instituir espaços urbanos destinados a uma camada privilegiada economicamente.




Futuro eixo comercial, como oportunidade
de negócios e alto investimento


Av. Canal Francisco Eugênio, onde se situa o empreendimento Alfa Business

Postagem de Leidiane Luz

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